Para que a escrita açoriana vá mais longe


As Edições Macaronésia nasceram em Junho de 2006. O projecto, com pouco mais de dois anos, é dirigido pelo sociólogo Alberto Peixoto.

O objectivo das Edições Macaronésia é “assegurar a promoção dos autores açorianos que, ao longo dos anos, têm tido muita dificuldade para publicar os seus livros e vê-los a ser distribuídos e promovidos em todo o território nacional”. A afirmação é de Alberto Peixoto, sociólogo e responsável pela editora.
A criação deste projecto partiu de “uma ideia de José Pacheco de Almeida, contudo, não se chegou a concretizar qualquer publicação. Ele tinha uma ideia, um nome e uma empresa, registada com a designação, e, durante uma conversa num almoço, foi-me proposto abraçar este projecto. Na altura já tinha três livros publicados e nunca me tinha imaginado na pele de editor, pelo que após uma profunda reflexão acreditei no projecto e aceitei”, afirmou ao expressodasnove.pt o sociólogo Alberto Peixoto.
A empresa conta com o apoio de outras pessoas, quer para a revisão das obras, quando a editora acha relevante, quer para a impressão. Esta última fase conta com a colaboração dos funcionários da gráfica Coingra, os quais “têm materializado os projectos, fruto de um protocolo estabelecido com eles, que tem garantido o preço e a qualidade material dos livros publicados”.
Quando questionado sobre quais as faixas etárias que procuram as Edições Macaronésia, Alberto Peixoto refere que são, na maioria, pessoas à volta dos 40 anos. “Penso que o facto de serem predominantemente pessoas na casa dos 40 anos tem a ver com um certo amadurecimento intelectual, que leva as pessoas a pretenderem publicar um livro nessa fase da vida”, refere o sociólogo.
De entre os livros já publicados por esta editora, o grande sucesso, afirma Alberto Peixoto, foi o livro “Como lidar com a insegurança na escola?”, da autoria do mesmo. Esta obra vendeu dois mil exemplares em menos de um ano. Assim sendo, ao fim de três meses, a editora fez uma segunda edição, uma vez que a primeira esgotou.
“Editar um livro é um processo composto por várias fases, que podem demorar três a seis meses. O primeiro passo é a análise da obra para apurar a sua qualidade e verificar se se enquadra na nossa linha editorial. Depois, segue-se a questão dos custos da publicação da obra e obtenção de patrocínios para fazer face aos custos da impressão gráfica. Os demais custos são assegurados pela própria editora. Com a garantia dos patrocínios é celebrado o contrato entre a editora e o respectivo autor.” O penúltimo passo pertence ao trabalho na gráfica, tendo como ponto final a cerimónia de apresentação da obra “antecedida pela respectiva distribuição pelos cerca de 200 pontos de vendas [que a editora possui] em todo o território nacional e Cabo Verde”.
As Edições Macaronésia recebem apoios para a impressão dos trabalhos de várias entidades. Entre elas o “Governo Regional dos Açores, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, empresas diversas e até de cidadãos anónimos. Até agora ainda não houve nenhuma obra, com qualidade, que tivesse ficado por publicar por falta de apoios”.

Mais de uma dezena de trabalhos publicados
Com sede na Rua da Saúde, nº 107, nos Arrifes, as Edições Macaronésia já publicaram 12 livros. A 11 de Outubro, foi editado o 13º e durante este mês o 14º. “Já publicámos um livro infantil ilustrado, ‘Os Dentes da Bruxa Ritucha’ das autoras Rita Bonança e Sofia Brito; um romance histórico de Mário Moura, ‘Andanças dos Irmãos Botelho’, um romance geracional de Paula Lima, ‘Crónica do Senhor do Lenho’; o romance de Carlos Santos, ‘É tão fácil morrer’, o romance de Jacqueline Torres, ‘Inconfidências de Adélia’. Os restantes foram os ensaios do advogado Pedro Paulo, ‘O Homem de Sempre e o Portugal de Hoje’; de Paulo Mendes da AIPA, ‘Ponte Insular Atlântica’; da professora universitária Berta Miúdo, ‘Sentidos da Vida e do Mundo’; e, ainda, os livros da minha própria autoria”, conclui Alberto Peixoto.

PATRÍCIA CARREIRO

14 de Novembro de 2008